4 de maio de 2013

Um balão. Um suspiro. Uma esperança. | A baloon. A sigh. A hope.

Se não tivesses morrido, amanhã era o primeiro Dia da Mãe em que eu percebia o seu real sentido, a verdadeira acepção da expressão e da data. Seria maravilhoso poder continuar a sentir dois corações a bater no meu interior: um no meu peito, outro mais acelerado, no meu ventre. Mas partiste. E logo a seguir partiu mais alguém, de quem não conheci o género. Para assinalar a data, as mães de colo vazio vão reunir-se amanhã para lançar balões no céu, depositando no infinito a esperança, dando nota de que ainda não esqueceram os que partiram cedo demais. Eu não te esqueci. Jamais esquecerei. As lágrimas que caem quando ninguém vê alimentam a minha memória de ti. Se não tivesses morrido, eu desconhecia a efeméride e ignorava a dor destas mães. Mas agora choro-a em cada dia, todos os dias. Perdoa-me, mas amanhã não vou lançar balões. Colocá-los no ar seria materializar a tua partida, e ainda tenho esperança de um dia acordar e perceber que tu estás ainda em mim, viva, que os médicos não desistiram de te salvar. Talvez este seja só um pesadelo, e eu não quero jogar balões no ar. Eu não te quero deixar fugir.


If you hadn’t died, tomorrow would the first Mother's Day for me to live the true meaning of it, the true meaning of the expression and the date. It would be wonderful continuing to feel two hearts beating inside of me: one in my chest, another one faster in my womb. But you drifted away. And soon after left someone else, from whom I don’t even know the gender. To mark the date, some mothers with the empty lap will meet tomorrow to launch balloons in the sky, depositing hope on the infinite, giving notice that they haven’t forgotten the ones who left too soon. I haven’t forgotten you. I’ll never forget. The tears that fall when no one’ s seeing feed my memory of you. If you hadn’t died, I was unaware of this event and ignored the pain of these mothers. But now I cry it every day. Forgive me, but tomorrow I won’t launch balloons. Putting them in the air would materialize your departure, and I still have hope that one day I’m going to wake up and realize that you're still in me, alive, that doctors hadn’t given up trying to save you. Maybe this is just a nightmare, and I don’t want to throw balloons into the air. I don’t want to let you go away.

14 comentários:

  1. Oh minha linda, o texto tocou-me imenso. Acho a iniciativa muito bonita :)

    R: Infelizmente não vejo muita tv, só mesmo aos fins de semana, quando ponho as séries em dia :D
    Beijinho gigante

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    1. Sim, é bom poder reunir mulheres que passaram por isto. É muito importante percebermos que não estamos sozinhas na dor...

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  2. O teu texto deixou-me emocionada..."As lágrimas que caem quando ninguém vê alimentam a minha memória de ti". Quem amamos nunca desaparece totalmente, viverá para sempre no nosso coração e só partirá verdadeiramente connosco.É o que dá começarmos a amá-los desde o seu desabrochar no nosso ventre... Mas ainda existe esperança para ti. Um dia vais ter nos braços um bebé maravilhoso.
    Estou a ver que a iniciativa também acontecerá na minha cidade...

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    1. Tenho medo que não desapareça, realmente. É uma frustração enorme chorar por quem nunca tivemos nos braços. E sim, amamo-los mal sentimos o seu coração a bater. Na primeira gravidez, ouvi-o a primeira vez a bater a 1.000 à hora uma dúzia de vezes,, fruto das ecos constantes que fiz para avaliar o risco. Na segunda gravidez nem tive oportunidade de ouvir o coração. Talvez tenha sido melhor assim.

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  3. O teu texto deixou-me emocionada. Beijinhos e apesar de tudo, tenta passar um bom domingo.

    http://deverasoriginal.blogspot.pt/

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    1. Obrigada. O Domingo foi muito concentrado na mãe que tenho, e não na mãe que não consigo ser.

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  4. Fico sempre arrepiada com este teu testemunha... experiência dolorosa.

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  5. Um beijo e um abraço muito apertado, minha querida

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