10 de abril de 2013

Olá!, eu sou a R. e já sofri duas perdas gestacionais | Hi!, I’m R., and I’ve had two miscarriages

Faz hoje dois meses que, exactamente por esta hora, dei entrada num hospital que ainda me estava cravejado na memória, na pele e nos ossos. Um hospital de onde tinha saído dilacerada e partida ao meio, 72 dias antes, depois de acordar do recobro de uma situação idêntica à que me levara ali naquele dia. A dor já me era familiar. A vontade de morrer também.

Deus, se estás a ouvir os meus pensamentos ou a ler este blog, quero que saibas que já não acredito em Ti. Crê que Te respeitei toda a vida, e que tentei regrar a minha conduta de acordo com os princípios pronunciados pela Tua doutrina. Fui Tua fã e acérrima defensora, contra tudo e contra todos. Às vezes as pessoas diziam-me vacilar na sua fé, e eu tinha sempre uma palavra de conforto em Tua defesa. Agora as pessoas devolvem-me o gesto e dizem que És grande e misericordioso. Para mim isto não passa de uma ideia fantasiada. Treta do pior! Agora sei que andamos todos “cá em baixo” sozinhos, entregues à nossa própria sorte e a um destino incerto. Estou magoada Contigo. Já não quero saber de Te amar. Já não quero saber do Teu catecismo. Já não creio nesse grandioso amor que todos dizem que tens por nós. Queria ter a rede de conforto e a confiança que sempre julguei e acreditei ter.

Se é verdade que nos vais colocando frente a frente com estes infortúnios para nos pores à prova, então admito que falhei redondamente. Tenho uma ferida aberta, exposta, onde se acumula matéria e ódio, impaciência pela Tua criação e total desrespeito para com o curso que escolheste para mim. Desejava estar a agradecer-Te, ao invés de pensar com desprezo no que a vida me reservou. Se o Teu problema é comigo, por que raio roubaste a vida à menina que já vivia no meu ventre há alguns meses? Se é a minha fé que queres medir, por que razão tornaste a segunda vida gerada no meu ventre num mar de sangue? Quantas vidas tens roubado Tu do ventre de outras mulheres? Quantas vidas tens empurrado para o ventre de outras? Vai ser sempre assim? Roubas os filhos das mulheres que os desejam, das mulheres que tornam a simples talha de engravidar na mais majestosa e nobre tarefa das suas vidas, e vais oferecendo um sem número de filhos às mulheres que não os querem, que não os desejam, que nem sequer se esforçam para criar as devidas condições para os receberem? Eu sei que se algum dia tornar a engravidar não vou poder sequer mexer um braço, esticar uma perna ou contorcer o abdómen. Sei que vou estar sempre exposta ao risco. Sei que a vida de um filho no meu ventre vai estar sempre presa por um fio. Mas entretanto vou ouvindo falar de mulheres que se atiram escadas abaixo para perder os frutos do seu ventre, e que ainda assim os mantêm; vou conhecendo cada vez mais casos de mulheres que vendem os seus filhos para superar a crise; vou sabendo que há um sem número de mulheres que não se privam de nada, nem sequer de dar cambalhotas ao 5º mês de gestação, e que dão à luz crianças saudáveis. É a isto que chamas de justiça divina? São as iguais condições que ofereces a todos os Teus filhos? É o amor incondicional que ofereces a todos os elementos da Tua criação?

A vida nunca me deu nada de mão beijada. Os estudos, o trabalho, o dinheiro ao final do mês… foi tudo construído com sangue e suor, e a ter de me esforçar o dobro das outras pessoas. Nunca me resignei e sempre Te estive agradecida por me teres ensinado a dar mais valor ao conquistado. Mas as vidas que não ajudaste a segurar no meu ventre? Essas… essas nunca Te irei perdoar.


At exactly this time, it has been two months since I was admitted in a hospital that was still encrusted in my memory, skin and bones. A hospital where I had left torn apart and split in two only 72 days before, after waking up from an identical situation that brought me there that day. The pain was already familiar. The willingness to die too.
God, if You’re listening to my thoughts or reading this blog, I want You to know that I no longer believe in You. Believe that I’ve always respected You, and that I always tried to regulate my conduct in accordance with the principles pronounced by Thy doctrine. I was always Your fan and a staunch defender, against everything and everyone. Sometimes people would show some lack of faith, and I always had a word of comfort in Thy defense. Now people return me that gesture, saying You’re great and merciful. To me this is just a costume idea. Bulshit! Now I know that we're all "down here" alone, left to our own luck and to an uncertain fate. You’ve hurt me. I don’t want to know anything about loving You. I do not want to know Thy catechism. I no longer believe in this great love that everyone says You have for us. I wanted to have the comfort net and confidence that always believed I had.

If it is true that You put us face to face with these misfortunes to put us to the test, I have to admit I failed miserably. I have an exposed open wound, where anger, substance, impatience for Your creation and total disrespect for the course you have chosen for me are accumulating. I wanted to be thanking Thee, instead of thinking with the contempt about what life has reserved for me. If Your problem is with me, why the hell did you stole the life to the little girl who was living in my belly for a few months? If you wanted to measure my faith, why did You turn the second life I’d generated in my womb into a sea of blood? How many lives have You stolen from the womb of other women? How many lives have You pushed into the womb of others? Will it always be like this? Are You going to keep stealing the children of women who desire them, and offering a countless number of children to the ones that don’t want them? I know that if I ever become pregnant again I won’t even be allowed to move an arm, to stretch a leg or contracting my abdomen. I know I'll always be at risk. I know that the life of a child in my womb will always be hanging by a thread. But in the meantime I'll hear about women who throw themselves down stairs to lose the fruit of their womb, and yet keep them; I'll know more and more cases of women who sell their children to overcome the crisis; I’ll know that there is a countless women who doesn’t deprive themselves of anything, not even somersaulting by the 5th month of pregnancy and giving birth to healthy children. Is this the so-called divine justice? Are these the same conditions that you offer to everyone? Is this the unconditional love that You offer to all elements of your creation?

Life has never given me anything for granted. Studies, work, money at the end of the month… it was all built with blood and sweat, having to push myself twice as many others. I never resigned and I’ve always been grateful about You to teaching me how to give more value to what I’ve conquered. But the lives You didn’t keep in my womb? Those… those I’ll never forgive You.

73 comentários:

  1. Lamento... Talvez à terceira seja de vez. Não stresses que ainda é pior. Apesar de ter dificuldade em compreender o que sentes agora uma vez que nunca passei por essa situação, felizmente!

    Beijinhos e muita força

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    1. Dizem que sim, que à terceira é de vez. Mas ainda há muita pedra a partir antes de avançarmos. Nunca ninguém está preparado para um terceiro episódio seguido do género. Tenho medo.

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    2. Como te compreendo! À terceira é de vez. Ou vai ou racha! No meu caso.. Rachou. Mas o contexto é completamente diferente!

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  2. Não acho que devamos culpar Deus com as fatalidades da vida. Tens que cuidar de ti e ver o que podes fazer para evitar essa situação. E pensar noutras opções.
    Lamento imenso e envio-te um abracinho.

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    1. S., ´há fatalidades, e fatalidades. Esta fez-me pensar desta maneira. Penso que esta culpa apontada foi bem contextualizada em todo o post. Acima de tudo gostava de pensar de modo diferente.

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  3. Nem imagino o que deve custar estar na tua pele e a dor que te leva a desabafares aqui sobre isso. Eu também gostava de ter filhos, ultimamente ando mesmo a pensar nisso a sério, mas nunca me ocorreu que algo de mal pode acontecer nesse processo. Não te vou dar conselhos porque para além de não ser a pessoa indicada para isso, ninguém melhor que tu saberá que caminhos escolher daqui em diante. E sabendo que de pouco conforto valerá, ainda assim fica aqui um beijinho de de uma mulher que não conheces, mas que gosta de ler as tuas umbilicalidades e espera que um dia te voltes a reconciliar com a tua fé, se for esse o caminho que escolheres para a tua vida.

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    1. O problema é esse mesmo: as pessoas pensam, fazem planos, estabelecem orçamentos, planeiam mobiliário, cuidados médicos, fazem seguros de saúde... E de repente percebem que não podem controlar nada. Quando partimos à aventura, sabemos que não estamos preparados, afinal lançamo-nos "de cabeça" na mais majestosa tarefa do ser humano. Mas aquilo para o qual não estamos realmente preparados, é para o sofrimento em situações idênticas à minha. E sabes porquê? Porque as pessoas não falam nisso. Calam a dor da perda gestacional como se lhes tivesse sido arrancado um dente sem anestesia...

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  4. Eu suspeitava que pudesse ter a ver com isso. Não posso dizer que sei como te sentes, mas já vivi essa situação com alguém próximo, pelo que te compreendo. Se isso ajudar, digo-te que essa pessoa encontrou a felicidade através de um outro caminho, mas hoje está feliz, todos nós, depois de muito sofrimento partilhado, acabámos por encontrar a alegria, embora de outra forma. Espero que haja um final feliz para ti também. Não te conheço mas desejo isso sinceramente. Um abraço.
    (tenho-te sentido mais triste ultimamente)

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    1. Wallis, também tinha vivido a situação com alguém próximo, e até te posso confidenciar que na altura não entendi tamanho sofrimento. Recordo-me que essa pessoa andava de rastos passadas semanas. Comigo passaram-se meses, e eu ainda me arrasto. Mais triste ultimamente? Talvez. Até porque há pouquíssimas semanas foi finalmente diagnosticado o problema, e o assunto anda a dar voltas à moleirinha...

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  5. Não sabia, nem imaginava... E sinto muito as tuas perdas...

    Também voltei à blogosfera em sequência de algumas 'questões' (daí o 'Glitter Side'), mas nada que se assemelhe à tua dor.

    E o mais idêntico por que já passei foi com situações com os meus filhos, como aquando do nascimento da primeira em que suspeitaram que tivesse uma doença genética grave, e das suspeitas de autismo / de surdez profunda do segundo. Enfim... tudo se resolveu, felizmente nada disso se confirmou mas foram anos de sobressalto (apesar da minha filha ter tido sempre um desenvolvimento notável vivi o primeiro ano de vida dela com o coração nas mãos, numa espécie de stress pós traumático...). Olha, acabei por desabafar aqui também... :)

    Não sei que tipo de acompanhamento estás a ter... no hospital marcaram-te algum tipo de consulta, indicaram-te algum tipo de tratamento? Desculpa fazer estas perguntas assim, mas por vezes pode haver algum tipo de problema subjacente e que até nem seja difícil de contornar com o tratamento adequado.

    Espero que não te importes, mas vou deixar-te o link da Artemis (não sei se conheces). Por acaso, a sede desta Associação ficava pertinho de mim quando vivia em Braga.:) http://www.projectoartemis.pt: "A Artémis surge na sequência da necessidade de diminuir a falta de informação técnica e apoio emocional de mulheres que perderam filhos por aborto espontâneo, bem como quebrar o pacto de silêncio, resultante de todo um processo de luto."


    Um beijo grande para ti e espero sinceramente que voltes a ter motivos para acreditar Nele. :)

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    1. Alexandra, muito obrigada por teres ficado "mais um bocadinho hoje". O hospital não quer saber de nada. Quis saber de me fazer biópsia e autopsiar a minha primeira bebé e placenta, pois do ponto de vista científico era um caso merecedor do estudo. Quando me deram os resultados, entregaram-me fotografias da bebé morta, macerada... No título dizia "documentação fotográfica do produto". Aos olhos do SNS, a minha bebé, um ser humano totalmente desenvolvido, era um produto!!!
      Se conheço a Artémis? Não só conheço, como me tornei entretanto sócia. É um projecto que apoio a 350%! Não fossem as mulheres que por lá encontrei, a percepção de que o luto me iria estar sempre "cravejado", mas que havia formas de aprender a viver com ele... desconfio que hoje estava no fundo de um poço qualquer, ou agarrada a uma camisa de forças num manicómio qualquer. Tenho, aliás, desde o início de construcção do blog vontade de falar na associação. Agora que "deitei tudo cá para fora", um dia destes vou fazê-lo.

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    2. Querida R., sei que é difícil mas tenta não te atormentar com a forma técnica com que a medicina trata os casos. Os exames, análises e afins estão sempre repletos de protocolos e tecnicidades. As denominações são sempre impessoais, frias, estatísticas, enfim técnicas (acho que é o termo que melhor define). Mas também tens o direito de ter acompanhamento e de ser seguida da melhor forma. Não sei como é que estás nesse ponto, mas recorre ao médico de família, ao hospital, ao privado, ou à Artémis (para te orientar), a todas as instituições que te possam dar o apoio de que precisas. Tens de te sentir acompanhada, nomeadamente por um bom gine/obstetra!

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  6. uma notícia boa para animar um bocadinho os fâs da gulbenkian, como sei que és:
    http://www.publico.pt/cultura/noticia/goncalo-ribeiro-telles-distinguido-com-premio-da-arquitectura-paisagista-ifla2013-1590761

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    1. Obrigada pela partilha, a.i. A fundação merece certamente uma visita em breve para relembrar os jardins. :-)

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  7. Olá R.
    Pensei que fosse isso, e infelizmente acertei.
    Obviamente nunca passei por isso, mas a minha mãe sim.
    Na primeira vez que esteve grávida, durante o 5º mês, teve um aborto espontâneo. Dupla tristeza, tendo em conta que estava grávida de gémeos! Sofreu, mas recuperou. E hoje é mãe de 2 meninos e uma menina.

    Deixo-te com um video que vai de encontro à tua falta, ou perda de crença, em Deus. É um filosofo checo, que fala sobre cinema, e que depois fala também sobre Deus.

    http://www.youtube.com/watch?v=vCJGIuoXc1Y

    A parte de Deus, começa a partir do minuto 18.

    De resto, R., vai daqui um abraço e um beijinho muito grande e cheio de força!

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    1. Obrigada pela partilha, Mustache. Aos 5 meses, perder 2, deve ter sido um verdadeiro tremor de terra. Ainda bem que a tua mãe não desistiu. É destes exemplos que nos alimentamos.
      E que vídeo espectacular, que pessoa surreal, mas tão assertivo nas suas palavras. Ainda estou a digerir. Vou ver mais vezes. O homem parece meio alucinado, mas é tão afirmativo no que diz... Sente-se que não foi opinião construída num mês ou dois. Ele estudou, de modo a argumentar. Fenomenal.

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    2. Ele tem imensos livros escritos sobre cinema e outros assuntos. É um enorme critico social! E o parecer alucinado é porque tem imensos tiques. :)
      Faz-nos pensar em tanta coisa que nos tentam incutir e que muitas vezes nem a vemos!
      E a teoria dele sobre ser um cristão ateu, baseada em tantas viagens e convivência com outras culturas e en tanto estudo, é simplesmente fenomenal! Deus morrer para sermos livres dele próprio e vivermos a nossa vida, sem pensar que está alguem a zelar por nós ou a castigar-nos, dá-nos uma nova perspectiva sobre como encaramos o 'nosso fado'..

      Sim, a minha mãe passou mal. E se sei esta história foi porque ela nos contou, sem qualquer tipo de problema ou preconceito.

      Espero que consigas realizar o teu sonho de ser mãe, pois o pouco que conheço de ti, irás certamente fazer uma criança ter uma vida super feliz! :)

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    3. Estou a ver que acabaste de me apresentar a uma dessas pessoas que vale a conhecer e ouvir. Por aqueles minutos do vídeo, fiquei rendida ao conhecimento e à exposição dele -- como de resto já havia dito. Será interessante conhecer outras perspectivas. Essa do Deus morto e do Espírito Santo sermos todos nós é difícil de assimilar. Mas é a teoria mais ao encontro daquele que me parece ser actualmente um estado latente de não-fé.

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    4. Sim, este senhor é daqueles que toda a gente deveria conhecer! tem também um artigo a defender as Pussy Riot muito bom! (se não sabes quem são, uma breve pesquisa no google e ficas informada).
      Fé.. não-fé.. o que é afinal a fé?! Para mim não é mais do que a crença em algo, ou alguém, não necessariamente num ser que está lá no céu a olhar por nós. Eu tenho fé que vou conseguir acabar o meu curso sem falhas, tenho fé em mim e nas minhas capacidades. Tenho fé que depois consiga encontrar emprego na área.
      O semestre passado tive Sociologia, e um dos temas foi precisamente a religião e a Biblia, e o que lá se diz, a mensagem que se tenta passar, entre tantas outras coisas. Era assunto para vários dias de discussão, por isso vou tentar ser breve. Uma das coisas que se falou, era o que é o Espirito Santo quando as pessoas rezam.'Em nome do Pai, do Filho e do Espirio Santo'. O pai é Deus, o filho é Jesus, mas o que é o Espirito Santo?! Muito resumidamente, é a energia! Energia que na Biblia é Deus que promove, mas na ciência é o que nos move. A verdade é que estudar a Biblia e estudar Ciência, é a mesma coisa, mas com outros nomes.

      Percebi que tinhas uma veia religiosa a fazer circular sangue muito forte, e que agora te vês na duvida sobre tudo o que acreditaste antes. Estás desiludida com alguém que tu pensavas que estaria lá para te ajudar, tal como nas promessas de amor falhadas, e que nunca te iria pôr à prova desta maneira. Mas muitas vezes é o facto de nos agarrarmos tanto a uma ideia que faz com que a desilusão seja maior (neste caso refiro-me a Deus). E agora é-te dificil pensar sequer que afinal ele nunca lá esteve, que nunca olhou por ti, que nunca ouviu as tuas palavras, nem sequer aquando da tua primeira perda. Talvez agora seja a altura para começares a pensar fora da caixa, fora dessa ideia que alguem superior estaria a zelar por ti, a pôr a fé em algo que não é palpável, e transportares e canilizares toda a força e saber, para uma fé mais corpórea. Depositares toda a tua fé em ti, na tua familia, e em quem te pode de facto ajudar a superar e a concretizar este teu sonho, já negado por duas vezes.

      Desculpa se escrevo demais, mas quando o assunto mexe comigo, não me consigo conter. Não sei se consegues sequer entender a mensagem tal como a quero transmitir.. Mas é como tu dizes e muito bem, há que falar das coisas, para deixarem de ser tabú e assunto de debate.

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    5. já fui ver o video da entrevista ao tal filósofo esloveno, gostei muito das teorias dele sobre o cinema de hollywood e a reflexão sobre o hedonismo esclarecido. Foi boa a dica, Mustache

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    6. E vale a pena ver também outros videos dele, e ler os seus artigos. É sempre bom termos várias perspectivas sobre um mesmo assunto! ;)

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    7. Entendi perfeitamente, Mustache. E é exactamente isso. Fui criada sob a ideia de que existia Alguém acima de nós, uma força maior, misericordiosa, que cuidava de mim... No mesmo dia em que descobri o motivo que estava a provocar as minhas perdas, fui à missa pelo 5º aniversário do falecimento da homilia, e o tema da homilia foi «Deus tem sempre grandes planos para nós; mesmo quando não os entendemos, devemos confiar». Estive a missa toda a resmungar baixinho... Porque eu realmente não conseguia entender esses planos, mesmo que eles fossem realmente de uma Entidade superior...

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  8. Lindo e sei do que falas porque também perdi um bebé! Não percas a esperança!

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  9. Não conheço nem imagino essa tua dor, pelo que resta-me dar um abraço apertado - ainda que virtual - e dizer FORÇA!

    Quanto a Deus... devido à educação católica, eu acreditava em Deus e no Bem, mas como a vida e a experiência deixei de acreditar, fosse no que fosse: sim, estamos “cá em baixo” sozinhos, e entregues à nossa própria sorte e a um destino incerto! A minha vida nunca foi fácil e o pouco que consegui foi 'a duras penas'. Quando me dizem que tenho que agradecer à vida, eu respondo que tenho que agradecer a mim! Enfim, tema que dava pano para mangas!

    Uma vez mais, FORÇA!!! Turrinhas!

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    1. Tens razão, Gata, o tema tem muito que se lhe diga. Sinto o mesmo que tu. Quando suamos demais, sentimos que o que conquistamos se deve exclusivamente a nós, e não é fruto de obra e graça de Espírito Santo nenhum. Ainda assim, é confortável se acreditamos que há Alguém bom acima de nós. Era bom poder acreditar que quando tudo o resto falhar, ainda temos uma luz... Mas é isso: era bom.

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  10. Era o que eu suspeitava....:-( só que nunca pensei que essa infelicidade te tivesse acontecido duas vezes...Antes de mais, devo dizer que tenho imenso respeito por quem fala dos seus problemas intímos na blogosfera, partilhar não é bom apenas para ti, mas também para outros que já possam ter passado pelo mesmo, ou para quem possa vir a passar.Felizmente essa dor eu nunca tive, tenho uma filha maravilhosa, e apenas uma, porque a vida nunca foi fácil. Só posso imaginar a dor de alguém que tanto deseja um filho e que depois de gerado, o perde...Decerto é uma situação muito difícil de aguentar, muito mais do que não conseguir engravidar....Quanto à fé, não sei que dizer-te, porque não sou crente, mas se tens toda a razão do mundo para com Deus te sentires zangada, talvez fazer as pazes te ajude a médio prazo a aceitar o que te aconteceu.
    Decerto qualquer bom médico te dará as instruções necessárias para que isso não volte a acontecer...nem que tenhas, sei lá, de abdicar do teu trabalho e ficares em total repouso, se a tua decisão for tentar novamente. Tenho uma amiga que teve de estar em repouso durante toda a gravidez.
    Compreendo a tua revolta, só te posso dar o abraço prometido e desejar-te muita coragem, esperando que quem te rodeia te ajude a apaziguar essa dor.Ox
    Desculpa o testamento!

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    1. Sim, Laura, aconteceu duas vezes. Ninguém merece a primeira, muito menos a segunda. Infelizmente conheci casos de mulheres que passaram por isto 6, 7 e até 8 vezes. Inacreditável, não? Porque, tal como dizes, perder é deveras pior do que não conseguir ter. É uma esperança que te roubam. Para além das mazelas físicas e psicológicas. Quanto aos médicos, percebi que não há ninguém que ofereça garantias ou esperança. É um "a ver vamos, como corre da próxima vez".

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  11. Oh querida nem sei o que te dizer...
    Tenta encontrar outras soluções na medecina que te permitam aguentar levar a gravidez a bom porto.
    Talvez agora devas apenas descansar e pensar novamente neste assunto daqui a uns tempos... Ás vezes queremos tanto uma coisa que depois nos abafamos nessa mesma vontade...

    Posso ajudar em alguma coisa?!

    Bjxxx

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    1. Obrigada, Teresa. Ninguém -- para além da natureza -- pode ajudar. Mas obrigada pela intenção.

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  12. Não me surpreendeu e tu sabes porquê.
    Também já estive revoltada, de costas viradas com Deus e nem bebés podia ver.
    Muita coisa aconteceu e eu sou a prova disso.
    Tenho uma amiga de infância queteve 5 abortos espontâneos ao 5º mês de gestação. Hoje é mãe de 2 rapazes e uma menina. A solução afinal foi tão simples.
    Deita essa revolta toda fora, porque tenho um palpite que a próxima é de vez.
    Não sei pormenores em concreto, mas esse campo infelizmente domino bem. E olha acredito no amanhã. Queres melhor prova do que a minha?
    Beijinhos

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    1. Tu és realmente uma prova de que a esperança pode e deve ser mantida. Mas quando estamos em renúncia, e em descrédito, é tão difícil olhar para o amanhã como se ele valesse a pena!!! Enfim, pode ser que a minha solução seja também simples, como a da tua amiga.

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  13. Não vou dizer que sei o que estás a passar, porque nunca passei por isso. Posso imaginar o quão difícil deve ser, mas de certeza que a minha imaginação ficará aquém da tua dor. Não sou mãe, quero muito sê-lo um dia e sinceramente não me imagino numa situação dessas. Partilho, no entanto, da tua 'raiva' no que às mulheres que têm fihos e não os querem diz respeito. Tenho uma prima que não consegue engravidar e tenho vivido de perto a angustia dela em esperar pelos resultados do tratamento de fertilidade. E ponho muitas vezes em causa a justiça deste mundo, onde umas fazem do aborto um método contraceptivo e outras sofrem porque não conseguem ter filhos.
    Não há nada que eu, uma perfeita desconhecida, possa dizer ou fazer que te faça sentir melhor, mas espero sinceramente que não voltes a passar por esta situação e que consigas ser mãe. Tenho a certeza que serás uma mãe no verdadeiro sentido da palavra. Beijinhos

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    1. Acabamos por concluir que não há justiça, né? Imagino que seja também isso que a tua prima sente... É por isso que me é difícil sentir fé neste momento. E pensar que há pessoas que passam por provações e cada vez mais se agarram a Ele!

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  14. Que post corajoso, R.
    Já conheço bastantes situações como a tua que depois foram superados. Também vais ultrapassar. Certamente o teu corpo encontrará uma forma de se sarar e permitir que uma futura gravidez chegue a bom porto. Não percas a esperança. E se puderes recuperar a fé, ainda melhor.

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    1. Não sei foi corajoso, se apenas tonto, Analog. Mas era algo sobre o qual tinha mesmo necessidade de falar. Porque como já disse a alguém, não podia continuar a compactar com o silêncio por que muitas mulheres optam. Da partilha nasce a ajuda. A ajuda diminui o luto. E quem sabe não é através desta "exposição" que vem uma nova luz..

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  15. Nao posso dizer-te para teres fé nem dizer que compreendo a tua dor, porque nao passei por ela. Mas posso mandar-te um beijinho e muita força porque sei o que e' a revolta de sentir que de alguma forma Deus nos virou as costas. Tenho a certeza que tens o apoio das pessoas que te amam e e' nesse amor que nasce a esperança e pelo menos um pouco de conforto para as feridas que estão abertas. Votos de muito muito amor na tua vida*

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    1. Obrigada, Ana ✈. Realmente é mesmo isso que sinto / penso. Alguém me virou as costas... O amor dos outros ajudando para passar os dias, mas infelizmente não cura.

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  16. R., palavras, não tenho. Já sabia, de facto, após a nossa "conversa". Na altura, disse-te que não encontrava uma razão plausível para estes acontecimentos. Continuo sem encontrar. Contudo, como podes ver pelos testemunhos das nossas bloggers, tudo é possível. Temos de acreditar. Eu quero acreditar que sim, mereces essa felicidade. Vais tê-la. Como referiste, tiveste de trabalhar o dobro, suar o dobro. Vais ter a tua recompensa.

    Bj enorme. Estou por aqui ou por ali, quando precisares.

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    1. Obrigada pelas esperança, Raquel. Ainda é cedo para acreditar, porque ainda vivo muito na dor do passado. Mas o sol há-de aparecer.

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  17. Lamento mesmo, mesmo muito. Não fazia a mais pequena ideia. Eu bem sei que ninguém te pode consolar nesta altura, mas dizem que quando menos pensares nisso, mais fácil será engravidares. Muita força, muita garra...

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    1. Dizem isso, e se calhar é tudo verdade. Mas enquanto não inventarem a pílula do esquecimento, não consigo "não pensar".

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  18. Fizeste-me chorar, lamento imenso, nem quero imaginar a dor. Espero que no futuro corra tudo bem, vou torcer para isso, boa sorte e toda a força do mundo!

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    1. Obrigada pelo carinho, Audrey. E desculpa as lágrimas. Eu penso que já esgotei todo o meu canal lacrimal. :-/

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  19. entrei aqui por mero acaso mas fiquei emocionada com o que li.

    Fiquei sem palavras para te dizer o que quer que seja, até porque acho que o que quer que diga cai no ridiculo, no vazio.

    Só te posso desejar mt força e esperança.

    Bjs* grandes e lembra-te que n estas sozinha na luta e que deves lutar =)

    http://se-tu-saltas-eu-salto.blogspot.pt/

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    1. Olá, Katya. Para quem veio aqui a primeira vez, penso que este post terá sido um pouco demais. De qualquer modo ficaste logo com o livro aberto. Se quiseres voltar, hás-de ver outros lados de mim.

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  20. Esse texto tocou-me imenso. Deve ser uma situação tão dificil perder um filho, nem quero imaginar. Lamento imenso o que aconteceu mas não percas a esperança :)

    R: Eu na verdade queria ver o filme mas nunca tive oportunidade para tal :s

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    1. Obrigada, Blackbird. Que nunca saibas, é o que eu desejo. A ti, e a todas. Continuo a bater na mesma tecla: ninguém merece conhecer este luto.

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  21. Apesar de já ter passado por isso três vezes não sei o que te dizer... Espero que recuperes, que te reencontres e que a vida arranje forma de te compensar pelas tuas perdas. Ainda que tenhas perdido a fé, não percas a esperança... (e quando quiseres bebemos um café e conversamos ao vivo).

    Beijinho grande!

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    1. Ainda na semana passada conversei com a Lénia sobre um assunto destes... Depois envio-te tambem a ti um email a contar coisas, minha querida R.
      Gosto tanto de ti*
      Nao sei se foi Deus que nos cruzou pelo caminho... Mas sei que sou mais feliz por te conhecer*
      Força... E estou aqui ;)*

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    2. E como é que se compensam as perdas, Lénia? Ainda não descobri o método. Ainda sinto um buraco em mim... :-(( Quanto ao café, seria um prazer. Mas estou um bocadinho longe de Lisboa. Talvez numa próxima descida à capital, sim?

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    3. Lu, já sabes que esse sentimento é recíproco. Não sei se foi Deus que nos pôs no caminho uma da outra; mas foi com certeza a minha aluna quando me deixou ouvir no carro o Só de Mim. A partir daí, já conheces a história. ;-) Obrigada por nunca teres cessado o teu carinho e a tua compreensão nestes últimos meses.

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  23. Já passei por um abortamento (é o termo técnico, julgo) e pensei que morria... Não podemos nunca menosprezar a dor de uma mãe ao sofrer uma perda dessas.
    My heart goes out to you, como dizem os Brits.
    Beijos

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    1. Penso que devemos usar a expressão generalista "perda gestacional", pois há um sem número de variantes: abortamento espontâneo e morte retida in útero foram as que me aconteceram.

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  24. não gosto muito, nem sou nada boa a comentar e a falar sobre assuntos sérios. de certo modo, toca-nos sempre no nosso ponto mais fraco e sensível, seja qual for a situação. conheço vários casos iguais aos teus, e - completamente à parte daquelas vidas - penso que a solução é não perder a coragem. não é a fé, é a coragem! ter garra, ter vontade, lutar! a fé move milhões, mas infelizmente (falando a verdade nua e crua) não põe crianças saudáveis dentro do nosso ventre, não cura cancros, deficiências profundas, etc, etc, etc. é tudo tão injusto! achamos sempre que não merecemos. mas a vida é assim, va-se lá saber porque! sei bem o que é ter a sensação de deixar de acreditar. sentirmo-nos sem forças e desamparados. custa sempre muito. mas virá um dia em que isso muda. em que conseguimos por os pés no chão e ir à luta por um dia melhor, que seja. dói como tudo, leva muitas lágrimas e muita luta mental, mas conseguimos ultrapassar :) acredita! eu costumo dizer que o nosso corpo (físico e mental) aguenta sempre muito mais do que aquilo que imaginamos! por isso, força!! espero, do fundo do coração, que um dia possas vir a receber a alegria de ser mãe :)

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    1. O corpo e a mente vão aguentando, porque no dia a seguir temos sempre de encontrar a força necessária para voltarmos à sociedade e engrenarmos nesta máquina capitalista. Mas a verdade é que, após as perdas, as mais difíceis lutas foram comigo mesma: de manhã, na cama, as lágrimas eram tantas, que era quase impossível não me deixar por tomar pela auto-comiseração...

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  25. Um dia vou talvez conseguir contar como te compreendo...Para já um abraço do tamanho do mundo...confrontando-me com um problema também muito grave só hoje vi o teu post...parabéns pela coragem...faz de ti uma mulher especial...mas não desista...a vida surpreende-nos e nem sempre pela negativa.
    Maria

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    1. Então, Maria. Um dia vais conseguir? Também calas uma dor, certo? Partilha! Quem sabe não ajudas alguém com isso.

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  26. Nem sei o que dizer, depois de ler este teu texto. Tão forte, tão sentido. Só te posso dizer que fiquei com os olhos húmidos. Só te posso dizer que por mais que diga que te entendo a ti e à tua revolta não o sei realmente por nunca ter passado por isso. Acredito que deve ser uma dor imensa. Mas também quero acreditar que tens a força suficiente para superar estas injustiças e nunca desistires desse teu sonho que é ser mãe. Seja de uma forma ou de outra.
    FORCA, R.!

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    1. Obrigada, Mam'Zelle Moustache. A força continua a ser buscada no mais profundo "eu" com um gancho, mas lá vai servindo. Até que às vezes me esqueço de respirar...

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  27. É ao ler este tipo de coisas que olho depois para mim e penso: sou tão piegas com coisas tão poucoxinhas. Um dos meus grandes medos é decidir ser mãe um dia mais tarde e não conseguir, seja por que razão for. Não consigo imaginar o que deve ser esse sentimento. Mas vai para aqui uma corrente muito bonita de fé e força, e pensamentos positivos atraem coisas positivas, vamos todos acreditar que da próxima vez será A vez!

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    1. E acaba por ser quase impossível não sentires-te menos mulher quando te vês impossibilitada de executar a mais natural tarefa que a nós nos está consignada...

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  28. Não imagino o teu sofrimento...
    ...continua a acreditar, o teu dia há de chegar!
    Beijinho

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    1. E eu às vezes nem imagino como me consegui reerguer. Foi como se tivesse assistido a um filme no qual outra mulher qualquer era protagonista... :-((

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  29. Querida R., lamento imenso. É um texto muito intenso e muito corajoso este. Sei que nada do que possa dizer ajuda a confortar...mas ficas a saber que fico a torcer muito por ti! Abraço apertado *

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    1. Obrigada, Cat. Escrever isto nada tem de corajoso. Corajoso é conseguir reerguermo-nos depois de tamanha perda.

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  30. Sempre ouvir que o tempo apaga tudo... para mim o tempo acalma e serena os nossos piores momentos.
    Só posso oferecer um abraço do tamanho do mundo e dizer que essa revolta vai suavizar e quando acontecer vai ganhar novas forças. Falo por experiência pois passei 3 vezes por essa situação... e dói, dói muito... Na altura fiquei furiosa com Deus e com o mundo, hoje já consigo entrar na sua casa embora ainda não tenha feito as pazes! Passado 2 anos, já começo a pensar em voltar a tentar.. afinal de contas temos de lutar pelos sonhos... doa o que doer, acredito que vou vencer!

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    1. Concordo contigo que o tempo não apaga, mas serena. Aliás, era mau se apagasse. Significava que não tínhamos perdido nada, mas perdemos. Sei ainda que dificilmente farei as pazes com Ele, se algum dia recuperar a minha fé. Tenho pena que tenhas passado por isso 3 vezes. Nenhuma mulher devia conhecer esta dor uma vez sequer, quanto mais somá-las. Se te quiseres estender nesta conversa, estou no email publicitado em "Contacta-me". Tenta! Eu não esperarei tanto tempo.

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  31. Não há muito que se possa dizer numa situação destas e ainda para mais quando só me vêem disparates à cabeça e sinto mesmo que mais vale estar calada. Tens aqui mais um ombro para o que for preciso. E mais não digo, porque ia repetir tudo o que foi dito antes. Força e um grande beijo.

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    1. Obrigada, Milk Woman. É realmente preferível estar calado(a), do que dizer besteiras. A mim disseram, e ainda dizem muitas. Estou cansada. Um dia vou fazer um post do que não dizer a uma mulher que passa por isto. Espero que se torne útil e que algum dia alguém venha aqui espreitar, antes de tentar ser "simpático".

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    2. Olha! Essa era uma excelente ideia (tirando a parte que poderia fazer reviver coisas dolorosas...). Eu sou muito pela frontalidade e mais vale pôr toda a gente no sitio do que encher a paciência com disparates!

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    3. Ó Milk Woman, quem me dera que fosse apenas um post a fazer-me reviver as dolorosas. Elas estão pregadas à minha memória frontal, por isso qualquer coisa nesta altura da minha vida, é vivida por comparação àquilo que aconteceu. E sim, a frontalidade acima de tudo.

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