Eu sei que tu gostavas que eu fosse mais parecida contigo. Eu sei que anseias que te visite e fique a desabafar sobre o meu dia. Eu sei que te magoa que me feche em copas e pouco consiga dizer-te da minha vida. Eu sei que te assustas por me ter tornado numa mulher diferente daquela que tu me ensinaste ser. Eu sei que ambicionas ouvir-me pedir-te que me cozinhes um bom prato de carne ou peixe. Mas também sei que tu sabes que estas coisas não acontecerão, que tu já perdeste a esperança, e que até já vives em boa comunhão com o meu feitio, tão diferente do teu. Quando era mais nova pedia-te que arranjasses amigas, que saísses mais de casa, e que não te anulasses tanto em prol da família. Precisava que me desses espaço para crescer, que não me sufocasses tanto no teu abraço. Costumava dizer aos meus amigos que eu tinha uma mãe-galinha, e eles retorquiam que a deles também o era. Mas quando te conheciam diziam que afinal não: tu eras a maior mãe-galinha do mundo. No liceu todos os meus colegas te conheciam, e quando passo por eles, não há nenhum que não se recorde do teu carinho. Sempre achei piada a isto, mesmo que te acusasse de seres a mãe mais chata. Ainda hoje te acuso, e tu sorris, porque sabes que sim. O que é mais curioso? É que se um dia for mãe, não tenho pretensões a ser nada, senão a ser igualzinha a ti.
I know you’d like me to be more like you. I know that you yearn for me to visit you and gossip about my day. I know it hurts you when I dwell in silence, without being able to tell you about my life. I know its scares you that I became a very different woman from what you taught me to be. I know you long to hear me asking you to cook some meat or fish for me. But I also know that you know that these things will not happen, that you have given up hope, and that you now live in good fellowship with my style, so different from yours. When I was younger I would ask you to get some friends, to go out more often; I wouldn’t like you to undervalue yourself in favour of your family. I needed space to grow up; I didn’t want to be asphyxiated in your embrace. I used to tell my friends that you were a chicken mom, and they retorted that theirs also were it. But when they knew you, they’d say you really were the biggest chicken mom on Earth. On high school all my friends knew you, and whenever I meet them on the street nowadays, they still remember your affection. I always laughed about this, even when I’d accuse you of being the dullest mom on Earth. I still do, and you smile, because you know it’s true. The funniest fact is that, if one day I become a mother, I have no pretensions but to be just like you.
Bonito! :)
ResponderEliminarVais ver que um dia vais ser como ela, e sentirás este dia de forma tão diferente e especial! :)
A minha mãe também é galinha, e não é por nós termos de apelido, Pinto! É mesmo porque acho que é a natureza de todas as mães que amam os filhos. Eu digo-lhe muitas vezes para ela se preocupar com ela, que os filhos já são crescidos e que se desenrascam, que ela vá passear com o meu pai e que esqueça os afazeres da casa por um fim de semana. Mas nada, a preocupação maior dela é ter tudo prontinho e arranjadinho para as crias dela!
Já disse que amo a minha mãe?! Acho que nem era preciso diz-lo, n'é? :D
Olha que o apelido Pinto para uma mãe-galinha fica a matar. :-D A minha mãe está sempre a dizer que um dia vai mudar, que se vai preocupar mais com ela, que vai viver mais, e eu aborreço-me com ela, dizendo-lhe que não vale a pena o discurso, pois ela nunca vai mudar. :-D
EliminarDas maiores constatações da nossa vida ...afinal queremos ser como as nossas mães e agora percebemos tão bem tanta coisa que fizeram...e sabemos que o fizeram por nós!!!
ResponderEliminarBjs
Maria
Apesar de entender muita coisa, ainda não entendo tudo. Talvez por não ser ainda mãe...
EliminarE está tudo dito num lindo texto. Tenho a certeza que a tua mãe vai ser uma mãe galinha babada quando o ler ;) Beijinhos R.
ResponderEliminarObrigada, Sue. ;-) Eu não lhe digo lamechices, senão ela abusa dos beijos que me dá. Tenho de manter o meu ar de durona.
EliminarAh benditas mães tão chatas! A minha filha também diz que eu sou uma chata...;-)
ResponderEliminarEspero que a tua mãe leia esta bonita e tão despretensiosa declaração de amor.
Não leu, Laura, por aquilo que eu acabei de dizer à Sue. :-P
EliminarPois querida R revi-me completamente no teu post. Eu sou uma mãe superhipermega-galinha. Sou uma chata que amo com o maior amor do mundo os meus filhos. Cheira-me que sou parecida com a tua mãe!
ResponderEliminarAté conheço todos os amigos dos filhotes que dizem o mesmo que os teus amigos.
Sabes que mais um dia quero ler o que os teus vão dizer de ti.
Beijinhos neste dia especial, tu entendes.
Entendo sim. Tentei concentrar-me na minha mãe, e não na minha experiência falhada nessa qualidade. :-/ Obrigada pelo carinho.
EliminarQue bonito texto =) A nossa mãe é sempre especial por algum motivo para nós!
ResponderEliminarClaro que sim. Afinal é a NOSSA.
EliminarA minha mãe também era assim, demasiado protectora, sempre a abrigar-me debaixo da asa dela. Mas ainda bem que o foi. Não importa nada agora. :)
ResponderEliminarE um dia hás-de ser mãe sim, tenho fé nisso.
Já não quero saber do futuro, Analog, senão morro de ataque cardíaco. One day after the other...
EliminarOlha, a minha não era nada mãe galinha, no sentido de muito protectora-quase-sufocante. Foi - e é - a liberdade total. No meu caso (nosso, que não sou só eu) foi o pratinho da balança, essencial para equilibrar as coisas. Infelizmente, não saí muito a ela, as coisas são como são. Acho que não se importa: a única coisa que quer (como todas as outras, ou quase) é que eu seja feliz e tenha saúde.
ResponderEliminarUm beijinho e um feliz dia para as duas.
Conheço mães assim. Não são realmente todas iguais. Na minha adolescência quis ter uma igual à tua. Agora quero uma como a minha, porque preocupa-se sempre com tudo; até me ajuda nas lides domésticas quando vem cá a casa. A minha vida seria mais difícil não fosse ela.
EliminarTem lá os seus defeitos, mas chata nunca foi. Para isso, havia o pai ;)
EliminarMães são quase todas iguas :) Asas abertas a protegeram a ninhada e a ninhada a esfoaçar e a fugir debaixo daquelas asas que na adolescencia sufocam, mas na vida adulta aquecem.
ResponderEliminarBeijinhos
Que imagem bonita... :-D
EliminarNem imaginas com sinto pena de nunca ter tido uma mãe assim.
ResponderEliminarUm dia serás uma mãe-galinha na dose certa.
Beijinhos
Rosinha, lamento que nem toda a gente conheça o estilo. Mas olha que entre os meus 12 anos e a idade adulta eu não achava piada nenhuma à sua superprotecção.
EliminarQue bonito!
ResponderEliminarAs tuas palavras comoveram.me =)
Beijocas
Ia dizer " a minha também era mãe galinha" mas tu ias retorquir "não, não, a minha era a maior de todas!". E eu acredito. Até porque a minha era só moderadamente ;) Vamos todas fazer aquilo que nos queixávamos que as nossas mães faziam, não é? :)
ResponderEliminartenho uma relação igual com a minha mãe, e não deixa de ser o meu amor maior.
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