14 de março de 2013

Certezas e orgasmos | Certainties and orgasms

Há uns anos atrás, nessa pérola da literatura do povo que é a Revista Maria (“A sua melhor amiga”, como apregoam) li a resposta a uma dúvida colocada por uma qualquer jovem, não casta, mas inocente: ela contava um episódio que se teria passado entre ela e o namorado, dizia que tinha sentido uma espécie de tremuras quando brincava às casinhas com ele, e indagava se tinha tido um orgasmo. O(a) psicólogo(a) da revista, esse supra-sumo da sabedoria, ciência e instrução, terá respondido simplesmente: «no dia em que tiver um orgasmo vai saber; não vai ficar com qualquer dúvida».

Hoje dei comigo a recordar este pedaço de leitura que tanto aprecio, e pensei «quão simples seria se tudo na vida fosse assim?». Porque tenho vindo a esquadrinhar com dúvida:

Quando é que sabemos que alguma coisa já deu o que tinha a dar?


A few years ago, in this literature pearl that Maria¹ is (“Your best friend”, they say), I read the answer to the question posed by a young girl, not caste, but innocent: she was telling about an episode between her and her boyfriend, said she felt a kind of shakiness when they were playing doctors with each other, and was wondering if what she felt was an orgasm. The psychologist of the magazine, the pinnacle of wisdom, science and education, answered with simplicity: «you’ll know when you have an orgasm; you won’t have doubts at all».

Today I found myself remembering this piece of reading I appreciate so much, and I thought «how simple it would be if everything in life was like this». Because I have been marveling with doubt:

When do we know that something has already given you what it had to give?

_______________________
¹ Maria is a generic Portuguese magazine aiming its content especially to women.

22 comentários:

  1. Hmmm, qual a dúvida que assola essa mente..?

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    1. Coisas que vão e vêm. Que talvez se adensem por aquilo que conversámos ontem privadamente.

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  2. Olha, mas tem razão. Uma pessoa pode ter dúvidas de muita coisa, mas um orgasmo não se confunde. eheheh

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  3. Oh R. essa agora é boa. Acho que estaria aqui a noite toda e não saberia se tinha dado tudo ;)
    Se há um assunto especifico que te assola a moleira penso que o, Nunca vamos saber se já deu tudo o que tinha a dar, sabemos ou procuramos saber se ainda queremos receber mais dessa coisa, isto generalizando.

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    1. Diogo, sempre eloquente e straight to the point. :-) É que eu não saberia dizer melhor.

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  4. Essas revistas são boas é para ler na praia ahah

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  5. O mistério é mesmo esse, nunca saberemos se demos tudo! Fartei-me de rir com as " tremuras" da miúda! Bjs

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    1. Se calhar a piada é o mistério, mas de vez em quando devíamos poder espreitar os dias seguintes para poder tomar melhores decisões.

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  6. eu nessas situações costumo sempre pensar que mais vale arrependeres-te do que fizeste do que arrependeres-te do que não fizeste...
    ;)

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    1. E isso quer dizer o quê? Que deixamos de esperar o que quer que seja e desistimos dessa coisa, mesmo que nos venhamos a arrepender? Ou esperamos e ficamos para ver o que acontece de seguida, mesmo... lá está... que nos venhamos a arrepender? Jisazzz, que amibuidade...

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  7. R.: Se calhar está na altura de mandares uma carta à revista "Maria", talvez ela tenha a resposta para ti. :)

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    1. As perguntas que enviam para lá terminam sempre da mesma maneira: será que estou grávida? :-P

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  8. Uma questão de abrir os olhos (o olho como na fotografia), deixar o acessório e concentrar-se na essência da coisa. A resposta será encontrada rapidamente. Se calhar já foi encontrada há muito mas mantém-se indistinta , sabe-se lá porquê. Ou, até se sabe o porquê, mas por vezes esses mesmos porquês pesam em demasia.

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    1. Tem dias em que penso que a resposta é clara como a água; mas tem os outros, os que me deixam na dúvida, que se mostram com nevoeiro e muitas nuvens cinzentas.

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  9. "alguma coisa" tipo uma relação? Assim de repente, um dos sinais é não quereres ou não teres pressa ou adiar o mais que puderes regressar a casa. Mas isso dá pano para mangas.

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    1. Alguma coisa tipo... qualquer coisa. :-P
      Mas gosto do teu ponto de vista no que toca às relações.

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  10. (caso se partilhe vida e casa com a pessoa, claro). No geral: já não apetecer. Nada.

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  11. Bom, passar de algo como o orgasmo, para uma pergunta tão abrangente torna a resposta complicada... no entanto, sabemos que algo já deu o que tinha a dar quando através de várias portas e travessas tentamos uma solução que não aconteceu,ou pura e simplesmente a coisa morreu tão naturalmente que não há volta a dar.

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    1. Se calhar é mesmo isso. Se tiver de morrer, o tempo tratará de a ir enterrando. Um dia fazemos-lhe o funeral...

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