9 de maio de 2013

Vamos lá despachar isto, que eu quero ir ser feliz | Let's get this over with, because I want to go be happy


Tenho algumas ideias pré-concebidas acerca do mundo de trabalho em Portugal, e particularmente não me identifico com algumas das suas características (podia falar-vos sobre a chefia ditatorial, mas não é essa a protagonista deste post). Há mais de uma década, a expressão “ter uma reunião” soava-me bem ao ouvido: transpirava profissionalismo, era sinal de carreira, de certo modo fazia-me sentir parte integrante de um grupo decisor, e isso confere poder e segurança a qualquer profissional. Com o passar dos anos, “ter uma reunião ganhou outros significados, como aborrecimento, ganhar uma dor de cabeça, questionar o porquê das minhas escolhas laborais e combater os meus demónios mentais que, à medida que os outros falam, me fazem atentar a tudo, excepto ao seu conteúdo verbal.

Infelizmente não tenho como lhes fugir, e esta semana presentearam-me com uma reunião de 3h½ na Segunda-feira, outra de 2h½ na Terça-Feira, e uma de 3h ontem. O drama, o horror, o pavor!!! Alguém me deixa trabalhar, por favor? Senhores chefes, nunca ninguém vos disse que ao fim de 1h o vosso interlocutor perde o foco? São assim tão infelizes em casa, que necessitam de partilhar da minha nossa companhia, só para se sentirem válidos?

Não é à toa que nos países mais desenvolvidos e industrializados as reuniões sejam em pé: são directas, pautadas, com objectivos mensuráveis, evitam grandes apresentações e começam sempre a horas. Posso mudar-me?



I have some pre-conceived ideas about the work world in Portugal, and particularly I don’t identify myself with some of its features (I could tell you about the dictatorial leadership, but this is not the protagonist of this post). Over a decade ago, the expression "having a meeting" sounded good to me: it exuded professionalism, it was a sign of a career, in a certain extent it made me feel part of a decider group, and those give any professional the loan of power and safety. Over the years, "having a meeting" gained other meanings, such as annoyance, earning a headache, questioning my labor choices and fighting my mental demons who, as others speak, make me pay attention to everything, except to their verbal content.

Unfortunately I have no way to escape them, and this week I was given the pleasure of having a 3 hours and a half meeting on Monday, another 2 hours and a half meeting on Tuesday, and another one of 3 hours yesterday. The drama, the horror, the consternation!!! Would someone please let me work? Dear leaders, did no one ever told you that after 1h your partner loses focus? Are you so unhappy at home, that you need to have me us as a company, only to validate yourselves?

No wonder that in the more developed and industrialized countries, meetings are standing: they are direct, well planned, with measurable targets, they avoid large presentations and always start on time. Can I move there?

30 comentários:

  1. Ora aqui está alguém que pensa como eu! Na maioria das vezes, em 15 minutos o assunto estava resolvido, mas não, há sempre quem pense que ficar 3 horas fechado numa sala a soltar "postas de pescada" é sinal de profissionalismo e competência, e quase sempre o saldo final da reunião é zero. São mentalidades, há hábitos difíceis de mudar ;)

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    1. É sinal de quem não sabe o que é pôr a mão na massa e trabalhar a sério.

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  2. A meus braços R.!
    As reuniões tornaram-se o maior empata-trabalho, atraso de vida, perda de tempo, you name it. É coisa para me deixar a transpirar com os nervos. Tanto paleio, tanta conversa de chacha e tanta reunião inútil, valha-nos deus. A certa altura, tenho mesmo de desligar, porque é como dizes, começo a perder o foco.
    Infelizmente, não podemos (não posso) mudar-me: não mando nada, snif. Em resumo: odeio reuniões.

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    1. Wallis, o inacreditável é que eu conheço pessoas que andam de reunião em reunião: vão a uma reunião de directoria, depois promovem reuniões com a plebe, na qual me insiro, para fazer aquilo que eu mais gosto, que é chefia à tuga: «se não fazes, vais para a rua», «se não queres, há quem queira», «se estás mal, muda-te»...

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  3. Em Portugal há esta mania da reunião (ou melhor, da "runião") e faz-se uma por tudo e por nada. Mesmo que os assuntos ficassem resolvidos com uma conversa informal de 5 minutos enquanto se toma um café.

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    1. ´xactamente. Pela "runião" e pelo resto, bem resumido.

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    2. Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhh, o que eu gosto de ouvir «bou a uma runião». Adoro, até! :-D

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  4. Acho que são a melhor forma de perder tempo e não tomar decisões. As minhas invariavelmente acabam 2 horas depois, tudo cheio de fome e sem decisões os acções a tomar. É tão bom sentirmo-nos inuteis.

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    1. E não acabas com dores de cabeça? Eu nunca me consigo livrar delas. :-S

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  5. Em Portugal pouca coisas está bem a nível laboral...

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  6. Portugal parece ser o país das reuniões, das comissões, dos inquéritos.Fala-se muito, passa-se muito tempo sentado, e faz-se pouco, e os chefes até acham que dar muitas directrizes aos outros e não fazer nada lhes dá estatuto... Muita gente gosta de escolher profissões em que esteja sentado...Mas reuniões de 3 horas ?!!! Que grande seca!...

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    1. Temos o verdadeira exemplo na função pública: basta passear-mo-nos na rua para encontrarmos um grupo de 7 pessoas, em que duas trabalham, e 5 ordenam. Coisas que sempre me incomodaram, mas... nada a fazer. Sim, 3 horas, Laura. Vale-me o telemóvel debaixo da secretária sem que ninguém perceba, para que me distraia com algumas aplicações. :-P

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  7. Também tinha essa ideia, que eram importantes e por sinal, uma coisa boa. Mas sinceramente, acho que só se perde é tempo =S

    Beijocas

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    1. De um modo geral, é isso: perda de tempo útil para trabalhar.

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  8. Eu tenho uma ideia sobre a burocracia... ela existe porque, p.e., num grupo de 10 pessoas, 8 (para não dizer 9) passam o dia a empatar e no face-coiso, e 1 trabalha que se farta, por ela e pelos restantes!

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    1. Nem mais... No meu ofício tenho uma ferramenta que mede em €s a rentabilidade que dou à empresa. Costumo dizer que se ganhasse 10% era feliz, e não entendia porque não era aumentada, face à evidência dos lucros. Depois tive que entender a custo que o dito lucro que gero tem de ser dividido por um sem número de pessoas... Assim, também eu.

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  9. Este comentário foi removido pelo autor.

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    1. Essa do horário em momento que o pessoal quer ir embora é bem pensada. Infelizmente eu não marco as minhas, ITK, marcam-mas. E que remédio tenho, senão comparecer. Pelos vistos és boss, mas eu sou da classe operária. :-D

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  10. Vá.. não se pode censurar os chefes que têm funcionárias interessantes como tu :P

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    1. E censuram-me a mim, que tenho chefes obtusos como eles, é?? :-P

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  11. Ehpah essas reuniões são uma seca, uma vez ía adormecendo, tive de ir ao wc molhar-me...

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    1. Já me aconteceu também, SuperSónica. E ainda na semana passada tive de acordar duas vezes o meu colega do lado, que estava a lutar incessantemente contra o peso da cabeça. :-P

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  12. ora aí tens uma das muitas razões para mudar de país!

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    1. Se tiver de ser um dia. Para já gosto muiiiiiiiiiiiiiiiiito de estar junto dos meus. :-)

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    2. Gosto muiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiito de estar junto dos meus.

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  13. Olha fizeste-me rir e parece que me estava a ver ao espelho...nunca houve tanta reunião e tão pouca produtividade e eficácia...Enfim!
    Bjs
    Maria

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    1. E as reuniões para preparar as reuniões? Priceless. :-P

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  14. 3 horas numa reunião? medo... há assim sempre tanta coisa para se falar? :O não tenho mesmo ideia do que seja...

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    1. Mary, ainda por cima são mais monólogos, do que diálogos. :-S

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